Visitas

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Eles apimentavam a relação transando em lugares públicos. E era como se quisessem ser flagrados



Era como se os dois tentassem ser flagrados. O tempo todo. No canto de alguma festa, no estacionamento do shopping, em alguma rua menos movimentada — e até mesmo nas que os carros cruzam com mais intensidade. Nos parques e nas visitas aos familiares. Até mesmo no trabalho, na salinha reservada do primeiro andar. Viviane e Lucas tinham como prazer extra a possibilidade de serem vistos transando em algum destes lugares.
Desculpe a palavra. Mas não posso dizer “fazendo amor”. Primeiro, porque quem consuma o sexo dessa forma não “faz amor”. Quem faz sexo dessa maneira transa. Quem faz sexo dessa maneira quer suar. Quem faz sexo dessa maneira quer ficar descabelado, levemente vermelho. Quem faz sexo dessa maneira precisa ser rápido. Mas os cinco, 10 minutos do ato proibido corresponde a uma hora de uma das maiores e mais demoradas relações. Quem faz sexo dessa maneira urra em silêncio — você já fez isso? Tente.
Viviane e Lucas transavam. Todos os dias. Acredite, samba-cancioneiro. Eu disse TODOS OS DIAS. Exploravam o sexo de uma forma que nunca tiveram feito com nenhum outro parceiro. Não tinham apenas química. Com os dois havia Química, Física, Matemática, Biologia… e, assim, iam fazendo história.
O relacionamento ficou sério, veio o namoro e a brincadeira do sexo oral no quarto com os pais e irmãos na sala. A janta de noivado e a masturbação silenciosa por baixo da mesa. O casamento e o sumiço pelos jardins da capela do Padre Jonas. Mais lugares escondidos, mais lugares desvendados, mais pimenta na relação.
Até que o sexo diminuiu, os problemas diários foram apagando o fogo, as conversas sobre o futuro diminuíram as vontades. A rotina lhes deu o primeiro gancho e eles foram à lona. Knock Down. Perceberam que a contagem estava iniciando quando visitaram Bianca, a irmã mais velha de Viviane. Observaram o sofá da sala lembrando de todo o suor e sussuros que ali viveram. Sorriram. Riram. Gargalharam.
Voltaram para casa. O deslocamento da cama box mais próxima da janela entreaberta fez renascer os cantos das festas, os estacionamentos dos shoppings, as ruas da cidade — movimentadas ou não — os parques e as visitas aos familiares. Foi a volta por cima. Não deixariam que uma vida de cumplicidade escapasse por entre seus dedos. A partir daquele instante, aquele espaço de um metro e meio por três 
metros seria o que eles quisessem.


fonte: delas - IG

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